Boletim do SINEPE/NOPR – 22 de agosto de 2017
Boletim do SINEPE/NOPR – 22 de agosto de 2017.
Mais de mil pessoas
A 20ª edição do Congresso de Educação e Cidadania, realizado pelo SinepeNOPR no final de semana passado, reuniu no Teatro Marista mais de mil pessoas. Com o tema “Educação em cena: Enfrentando desafios”, o evento registrou número recorde de inscrições de professores e técnicos da rede municipal de ensino, que chegou a 400. Além de palestras, aconteceram apresentações artísticas, exposição e oficinas.
Autoridades
A solenidade de abertura foi acompanhada por diversas autoridades e lideranças do setor educacional. Compuseram a mesa principal o prefeito Ulisses Maia; o vice-prefeito Edson Scabora; a secretária municipal de Educação, Valquíria de Almeida Santos; o vereador Rogério do Carmo, representando a Câmara Municipal; o reitor da Universidade Estadual de Maringá, Mauro Baesso; o coordenador da Região Metropolitana de Maringá, João Carvalho Pinto, que representou a vice-governadora Cida Borghetti; o tenente-coronel Enio Soares dos Santos, comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar; o major Sergio Aparecido Lopes, subcomandante do 5º Grupamento de Bombeiros de Maringá; o presidente do SINEPE/NOPR, José Carlos Barbieri; o vice-presidente do SINEPE/NOPR, Wilson de Matos Silva Filho; a vice-presidente do SINEPE/NOPR, Silvia Goya; os ex-presidentes do SINEPE/NOPR, Amauri Meller e Cláudio Ferdinandi.
Comprometimento
Em seu discurso, o prefeito Ulisses Maia ressaltou a grande participação de professores e técnicos da rede municipal de ensino na edição deste ano do Congresso, o que, segundo ele, demonstra o comprometimento desses profissionais com o ensino de qualidade. Maia também parabenizou o SINEPE/NOPR pelos vinte anos de realização do evento, “que só chegou a essa marca de sucesso graças à dedicação das diretorias da entidade”.
Cerne dos debates
O presidente do SinepeNOPR, em sua fala, destacou que o tema desta edição – Enfrentando Desafios – não poderia ser mais sintonizado com o momento que o país vive. Segundo Barbieri, mais do que nunca a educação está no cerne de todos os debates que neste momento se desenrolam no Brasil, “que passa por uma de suas mais sérias crises, que não envolve apenas os aspectos econômico e político, mas principalmente a questão da ética, da moral e do respeito”. Ele ressaltou que quando o meio político age de forma que “contraria tudo o que se pode esperar em termos de ética e de postura condizente com homens públicos, temos mais do que nunca a certeza de que somente a Educação pode mudar essa realidade”.
Desafios e possibilidades
Na palestra de abertura, com o tema “Desafios e possibilidades na Educação”, o professor Clóvis de Barros Filho colocou que o ponto de partida para uma educação de qualidade é estabelecer o que se almeja quando se está educando e o que se deve esperar desse processo. Para ele, a educação para a vida exige dos educadores e de todos os envolvidos no processo “a identificação de quais são os valores essenciais para a vida”. O professor afirmou que o trabalho de educar alguém deve priorizar o desabrochar da natureza e das potencialidades do aluno. E, para isso, é preciso que os educadores “parem para ouvir e observar” seus alunos. “Temos que propiciar ao aluno as possibilidades para que ele possa ir fundo em suas capacidades, na busca da excelência”.
Inclusão
No sábado, a primeira palestra foi com o médico psiquiatra Felipe de Figueiredo, especialista em infância e adolescência, que falou sobre o tema “Para além dos transtornos mentais: incluindo pessoas e buscando soluções”. Figueiredo falou aos presentes sobre os mais diversos tipos de transtornos mentais, que muitas vezes são diagnosticados somente quando a criança passa a ir à escola. E sobre como os profissionais da educação devem abordar a questão e contribuir para o encaminhamento do aluno a um tratamento realmente eficaz. Nesse ponto, segundo ele, a informação e o poder de observação dos profissionais da área de educação são fundamentais. O médico recomendou clareza na comunicação com os pais quando a escola vai relatar um problema, e que este diálogo se estabeleça sobre fatos realmente ocorridos. “A clareza é essencial para que se estabeleça uma boa comunicação com a família”, colocou.
Vida complexa
A segunda palestra do sábado foi “Novas leituras de mundo: Os desafios de educar em nossos dias”, com o escritor e psicólogo clínico Rossandro Klinjey. Citando o filósofo Antonio Gramsci, ele colocou que “vivemos a maior crise da história da humanidade, porque o velho projeto de sociedade já não serve mais, o novo ainda está em elaboração e não está pronto ainda para dirigir os vivos”. Segundo Klinjey, a complexidade da vida traz grandes desafios para a escola, que recebe os indivíduos que são frutos dessa nova realidade.
“Infantocracia”
Para o palestrante, esse novo modelo de sociedade em construção traz em seu bojo uma falência no modelo de educação nas famílias, “porque os pais estão perdendo a capacidade de direcionar seus filhos”, dado origem ao que ele chamou de “infantocracia”, ou seja, a criança é o centro de tudo. E o reflexo disso, de acordo com Klinjey, aparece nas dificuldades enfrentadas por professores e profissionais da educação. Ele ressaltou que por trás de um aluno difícil de lidar, esconde-se “um ser humano em dor”. Para enfrentar esses desafios, segundo ele, o professor não pode ser apenas um transmissor de conteúdo, mas tem que ser também “um transmissor de humanidade”.
Oficinas
No sábado à tarde foram realizadas três oficinas, com os temas “Música, jogos e brincadeiras para todas as idades: O “real” que funciona, educa e diverte!” (com o publicitário e especialista em Comunicação Social, Lazer e Recreação Miguel de Marchi dos Santos); “Conhecendo as dificuldades para aumentar a inclusão” (com o neuropediatra Pedro Henrique Bressan Leite); e “A saúde mental como parte da educação: Desatando os nós” (com a terapeuta Maria Isabel Nóbrega de Almeida, que é pesquisadora da área de Saúde Mental pelo CNPQ).
Encerramento
O evento foi encerrado com a palestra de Fabiano Brum, que falou sobre o tema “Profissão educador: Desafios e atitudes para o sucesso”. O assunto foi abordado de forma inusitada: com uma guitarra na mão, o palestrante cantou canções conhecidas do público, envolvendo os presentes no ritmo das músicas e colocando em discussão assuntos comuns no dia a dia da sala de aula.
Cotas e escola privada
Uma dissertação de mestrado defendida na USP identificou que a lei de cotas em vigor desde 2012 tem incentivado famílias a trocar as escolas particulares por públicas. A pesquisa de Thiago Guimarães Cardoso, feita no Departamento de Economia, comparou o período antes e depois da lei, que estabelece que as universidades federais devem reservar metade das vagas do vestibular para alunos cotistas. Ao lado da raça e da renda, um dos critérios é ter feito todo o ensino médio em escola pública.
Qualidade
Em Minas Gerais, onde 8 em cada 10 vagas em universidades públicas são federais, a probabilidade de migração da rede particular para a pública ao final do 9.º ano aumentou em 20%. Em São Paulo, onde as principais universidades são estaduais e apenas 15% das vagas em instituições públicas são federais, a possibilidade de migração cresceu menos: 8%. O autor também notou que o impacto é menor nas escolas que têm muitos professores com pós-graduação. Ou seja: a migração se dá, sobretudo, a partir das escolas particulares de menor qualidade.
Maringá, 22 de agosto de 2017.
Assessoria de imprensa SINEPE/NOPR.